sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Fotografando paisagem com uma teleobjetiva

Por Waldyr Neto - 



Quando pensamos em fotografia de paisagem o que vem à cabeça são grandes planos, lentes angulares... Isso é o mais comum. Eu mesmo sigo essa lógica - quando saio para campo já levo a câmera com uma lente grande-angular montada, normalmente a lente Canon 17-40mm f/4.0 L. É com essa lente que eu faço a maioria das minhas fotos de paisagem.


Pico do Lopo, Canon 5D mark II, lente Canon 17-40mm f/4.0 L


Se quiser conhecer o meu portfólio clique no link abaixo



Mas quando vou para campo sempre levo a minha teleobjetiva. Às vezes na mochila, às vezes montada numa segunda câmera. É um peso extra nas costas, mas que certamente vale o sacrifício...

Eu clicado pela Flávia Moreira


Mas vamos em frente...

Quando a gente compara a fotografia com a pintura, existe uma diferença fundamental.


Pintura é inclusão

Fotografia é exclusão


Na pintura você parte de uma tela em branco e inclui os elementos que você quer. Já na fotografia o processo é o inverso. Os elementos já existem, estão todos visíveis, e o desafio do fotógrafo é definir o que enquadrar, buscando uma relação entre os elementos que estão no enquadramento e tentando excluir tudo o que não "conversa" com esses elementos.

Em outros artigos já conversamos sobre a transição do olhar natural para o olhar fotográfico. No olhar natural nós focamos naquilo que nos chama a atenção, muitas vezes não percebendo o que está no entorno. Em contrapartida, no olhar fotográfico, nós nos educamos a percorrer todo o frame para identificar se a composição é interessante, se os elementos estão bem dispostos, etc. Esse olhar fotográfico é extremamente importante nas fotos de paisagem de grandes planos.


Nesta foto da Serra do Lopo feita com uma lente grande-angular, os vários elementos se complementam sem sobras ou excessos. Isso é consequência de um minucioso estudo do enquadramento no momento da captura.


Mas às vezes a composição mais aberta simplesmente não funciona. Ou percebemos uma pequena parte da cena que tem um atrativo muito maior do que o restante. Hora de trocar a lente grande-angular pela teleobjetiva e capturar aquela beleza pontual, uma parte ínfima do nosso campo de visão, mas que pode ser uma foto completa e até complexa.


Nascer da Lua na Serra da Estrela. Canon 5D mark II, lente Canon 70-200mm f/4.0 L


Araucária solitária nas encostas da Serra dos Órgãos. Canon 5D mark II, lente Canon 70-200 f/4.0 L


Estradinha do Vale dos Frades, Canon SL1, lente Canon 70-200mm f/4.0 L + teleconverter Canon 1,4x


Amanhecer no Morro Açu, Serra dos Órgãos. Canon 5D mark II, lente Canon 70-200mm f/4.0 L


Uma constatação interessante é que normalmente percebemos esses detalhes distantes pelo nosso olhar natural, mas na hora de enquadrar é preciso apurar o olhar fotográfico e compor uma boa foto. Fotografar com uma tele é a quintessência da exclusão, mas o pouco que restou ainda tem que ser bem distribuído e terminar numa composição forte.


Colinas de Teresópolis, Canon 5D mark II, lente Canon 70-200mm f/4.0 L


Outro resultado muito interessante que se consegue com uma teleobjetiva e a compactação dos planos. Isso funciona especialmente em contra-luz, no amanhecer ou entardecer.



Nessa foto tirada da Serra dos Órgãos, em contra-luz, vários planos de montanhas bastante distantes uns dos outros parecem se amontoar, distorcendo a realidade. Canon 5D mark II, lente Canon 70-200mm f/4.0 L.


Então é isso aí... se você chegou até aqui, parabéns! Aprender fotografia envolve esforço e estudo.


Se você já tem uma teleobjetiva eu recomendo fortemente que você bote ela na mochila e se acostume como o peso extra. Se ainda não tem, pode ser um bom investimento. Teleobjetivas também são lentes excelentes para retratos e registros da vida selvagem. Enfim, uma lente versátil que pode ser um excelente complemento para a sua zoom média ou grande-angular.


Amanhecer no Alto da Ventania, Canon 5D mark II, lente Canon 70-200 f/4.0 L


Se você gostou do artigo e quer ir mais a fundo, clique no link abaixo para conhecer a minha Oficina de Fotografia.





Amanhecer na Serra dos Órgãos - Canon 5D mark II, lente Canon 70-200mm f/4.0 L



terça-feira, 11 de setembro de 2018

Tiradentes Fotowalk - o olhar dos alunos

Por Waldyr Neto - 



"A fotografia é uma forma de ficção. É ao mesmo tempo um registro da realidade e um auto-retrato, porque só o fotógrafo vê aquilo daquela maneira" Gerard Catello Lopes


Já tem um tempo que eu quero fazer um artigo com fotos dos alunos, uma curadoria das fotos feita num evento. No Tiradentes Fotowalk de agosto tivemos uma turma especialmente inspirada, que produziu um material surpreendente.


Amanhecer enevoado na Rua da Câmara, Tiradentes. Foto de Karla Castello


Durante o evento tivemos um período de sala de aula, onde eu falei da história da cidade e das técnicas envolvidas na fotografia de paisagens urbanas, fotografia de arquitetura e fotografia street

Como muitos alunos já tinham feito meu curso de fotografia de montanha e paisagem, o grande desafio era perder a timidez e encarar o novo desafio... registrar o cotidiano das ruas....


Maria Fumaça, foto de Paula Ferreira


Estrada de Ferro em Tiradentes, foto de Marcelo de Podestá


Durante o evento caminhamos pelas ruas de Tiradentes e São João del Rei, cada um com sua câmera,  suas experiências, sua motivação e seu olhar. Sair em grupo é divertido e nos deixa mais confiantes, tanto na questão de segurança quanto na ousadia de clicar as ruas.




O passeio é descontraído, mas ao mesmo tempo todos seguem atentos... O fotógrafo é um ser sensível, que descobre a beleza no comum, que percebe um enquadramento que transforma a realidade...


Fechadura em Tiradentes, foto de Sílvia Villas Bôas


...ou que reúne elementos que parecem disconexos, numa composição que agrada o olhar...

Pátio da Matriz de Santo Antônio, com Serra de São José ao fundo, foto de Iracema Glória


... ou que dá um passo atras e sai do óbvio, acrescentando um elemento de composição que faz toda a diferença...

Antiga cadeia de Tiradentes, foto de Reinaldo Castanheira


...ou que aproveita o contra-luz para acrescentar dramaticidade à foto...

Ponte da cadeia, em São João del Rei, foto de Catarina Sophia


Durante o passeio ainda fomos premiados por uma forte névoa. O acaso dando uma forcinha ao grupo aplicado...

Rua Padre Toledo, Tiradentes, foto de Igor Fernandes


Praça das Forras, Tiradentes, foto de Patrícia Nóbrega


E a magia acontece quando tudo concorre para uma foto memorável... a arquitetura, a luz, o enquadramento e o timing do fotógrafo... a essência da fotografia street, o "instante decisivo"...


O voo da pomba no casario de São João del Rei, foto de Karla Castello


"Para mim, fotografia é uma arte de observação. É sobre encontrar algo interessante em um lugar comum... Eu acho que tem pouco a ver com as coisas que você vê, e muito a ver com a maneira como você as vê." Elliot Erwitt


 No nosso primeiro Tiradentes Fotowalk os alunos superaram o professor... e eu só posso me sentir orgulhoso por isso.


Turma do 1º Tiradentes Fotowalk - agosto de 2018


Se você quer participar de um Fotowalk comigo, conhecer e clicar uma cidade histórica, clique abaixo para participar do...