A partir da quarta investida, já em 2006, eu passei a fazer parte do grupo e nós fomos ganhando altura, sempre seguindo a linha de agarras que garantia um traçado lindo e até relativamente fácil. O inverno veio chegando e o trabalho de conquistar cada vez mais alto, sempre de marreta e punho, ia ficando sofrido. Mas a beleza da via, já com alguns trechos em móvel, ia nos motivando a seguir em frente.
Em fins de junho o Fernandes, velho parceiro de conquistas dos Alex, voltou a morar em Petrópolis e se juntou ao grupo. Com isso a conquista acelerou e logo venceu a 12ª enfiada, que marcou o fim da linha de agarras. Depois de 10 enfiadas seguindo uma linha natural, tínhamos pela frente a arrancada final, com trechos que pareciam ser mais delicados. A imensa parede toda encordada e o esforço de levar material para cima eram um verdadeiro desafio. Mais uma investida do Alex e Fernandes, terminando por vencer um trecho em artificial, e a via chegou no final da 14ª enfiada.
Mas, enfim, avaliamos a situação e marcamos a investida final. Com uma furadeira emprestada a idéia era levar material suficiente e terminar a via de qualquer jeito. O dia escolhido foi uma quarta feira. Era o dia que o Alex e o Fernandes podiam e eu tive que faltar o trabalho. Preparamos tudo de véspera e a idéia seria eu e o Alex levarmos a maior parte do material pesado e o Fernandes subir mais leve para conquistar as enfiadas finais. Isso ele fazia questão.
O resumo da história é que nos encontramos às 2:00 da madrugada do dia 16 de agosto de 2006, e às 3:00 já estávamos jumareando a longa sequência de cordas deixadas na via. Foram mais de 600m de subida que levaram umas 7:00 extenuantes horas. Mas às 10:00 da manhã, num dia muito bonito, estávamos em P14 nos preparando para a investida final. Nesse dia conquistamos as duas enfiadas finais da via e comemoramos o fim de uma conquista que contou com 12 investidas. A descida foi especialmente complicada, pois tínhamos que tirar centenas de metros de cordas da parede; jornada que durou umas 6 horas. Já na base, caminhando a noite pela curta trilha até o carro, cheguei a apagar algumas vezes com hipoglicemia. Comemoramos exaustos com caldo de cana.
A Soma de Todos os Medos: D4 5º VI+ A0 E3 840 metros de extensão
Conquistadores: Alex, Motta, Fernandes, Waldyr, Renatinho e Matheus
Apoio: Zecão (apoio numa investida para fixar cordas e duplicar paradas) e Adriano Ted (que nos emprestou a furadeira)
Na foto acima estão os escaladores petropolitanos Marcel e Marquinhos, numa das primeiras repetições da via. Eles estão seguindo a linha de agarras num dos trechos mais bonitos - a 8ª enfiada, que tem algumas passadas em móvel.
A mesma foto, com menos zoom. Dá para ter a noção de como a parede é grande.
Sem zoom. Acima a parede toda vista do local onde se deixa o carro. A 8ª enfiada, onde estão o Marcel e o Marquinhos, está em destaque. Dá para ter uma boa noção do tamanho da parede.
Nas fotos acima estão o Alex (conquistando) e o Motta (dando seg). São fotos do início da conquista, tiradas pelo Erik, um simpático morador do condomínio.
A foto acima, também tirada pelo Erik, acabou registrando um momento histórico. Com um super zoom o Erik acabou fotografando os momentos finais da conquista. O Fernandes estava batalhando os últimos lances, onde quase tomou uma queda que nos deixaria em uma situação bem complicada. Eu e Alex estávamos aguardando em P15.