Recentemente estive com um grupo de amigos no Alto da Ventania para ver o nascer da lua cheia. Foi uma tarde linda com por do sol e nascer da lua quase simultâneos. Mas com o céu com poucas nuvens acabamos não fazendo fotos tão marcantes. Essa valeu mais pela aventura e pelos momentos com bons amigos. Em fotografia de montanha temos um dilema: Em dias muito limpos temos a certeza de ver o nascer ou o por do sol, mas raramente fazemos fotos realmente boas. As grandes fotos acontecem quando se arrisca uma subida com tempo incerto, em saídas ou entradas de frentes frias ou tempestades. Nesses dias temos um alto grau de incerteza, pois podemos entrar numa nuvem ou até pegar chuva na montanha. Muitas vezes voltamos pra casa sem foto nenhuma. Mas quando a gente consegue umas fotos... essas sim acabam valendo o esforço.
Essa subida ao Morro do Bonet começou com um pedido do Miguel Berredo, um dos participantes da excursão do Alto da Ventania. A ideia original era assistir o por da lua cheia e o nascer do sol, eventos que iam acontecer com um minuto de diferença na manhá de domingo, dia 30 de setembro. Fiz meus estudos no The Photographers Efemeris e escolhi o Morro do Bonet, que teria visão aberta para os dois eventos além da vista para as luzes da cidade do Rio de Janeiro.
Montanha escolhida, faltava fazer o planejamento reverso:
- Nascer do Sol: 5:32 à 93,6º
- Por da Lua: 5:31 à 278,1º
- Chegada ao cume do Morro do Bonet: 4:45
- Início da caminhada: 4:15
- Encontro do grupo em Petrópolis: 3:30
Na madrugada de sábado para domingo nos encontramos e fomos seguindo a programação. Ainda no carro pegamos muita névoa. Chegamos a achar que não teríamos vista na montanha. Mas quando chegamos na entrada da trilha já estávamos fora da névoa e vimos que o céu estava com vários tipos de nuvens. O dia prometia...
Subimos rapidamente e chegamos no cume do Bonet. Ainda estava bem escuro e nós ficamos um tempo nas rochas voltadas para oeste, vendo a lua cheia descendo entre as nuvens. Não era uma vista bonita e ainda não dava para fotografar, pois o contraste era grande. Olhei para leste e vi as primeiras nuvens ficando avermelhadas sobre a Serra dos Órgãos. As cores estavam tão intensas que era óbvio que o show seria daquele lado. Carregamos nossas tralhas e nos acomodamos no lado leste da montanha.
Montei a câmera no tripé e fiz 15 fotos verticais, varrendo 180º da paisagem, desde a Serra dos Órgãos até cobrir toda da cidade do Rio de Janeiro. Depois relaxei e comecei a curtir o visual e fazer algumas fotos usando os filtros graduados. Miguel também começou a clicar e o Arthur ficou ali curtindo aquele visual.
Com o corpo esfriando da caminhada começamos a sentir muito frio. Era hora de tirar a casacada da mochila. As luzes e as nuvens mudavam o tempo todo e cada foto tinha tonalidades bem diferentes das anteriores.
(Arthur Mariano, Miguel Berredo e eu)
As nuvens cobriam todo o céu. Do lado oposto ao nascer do sol tinha uma impressionante formação de nuvens cirrus. O curioso é que na nossa altitude praticamente não tinha vento.
O dia clareou e tentamos nos aquecer um pouco com o calor do sol. Fizemos um rápido lanche e começamos a nos arrumar para descer. Na última hora acabei montando o equipamento todo de novo para registrar a última visão das montanhas, com uma luz bem quente.
Em casa comecei a arrumar as fotos e fiquei muito feliz com o resultado daquela panorâmica feita às pressas na chegada ao cume.
Numa saída meio despretensiosa e com tempo incerto acabamos testemunhando um grande show da natureza.
Workshop de Fotografia de Montanha - http://amagiadamontanha.blogspot.com.br/2012/10/i-workshop-de-fotografia-em-montanha.html
Muito bom, parabéns
ResponderExcluirObrigado !
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