Por Waldyr Neto -
Nesse novo artigo eu falo um pouco sobre as técnicas HDR e panorâmica, e mostro como usá-las em conjunto, artifício que foi necessário para registrar o interior da Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis.
HDR que dizer high dynamic range, ou seja alto (ou grande) alcance dinâmico. O dynamic range, ou alcance dinâmico, seria a medida da diferença de luminosidade das partes mais clara e mais escura da foto. Sem entrar em maiores questões técnicas, o problema aqui é que os sensores das nossas câmeras, mesmo as mais caras, conseguem lidar com diferenças muito menores de luminosidade do que o olho humano consegue. O resultado é que nessas cenas muito contrastadas nós não conseguimos registrar o que vemos.
A técnica HDR surgiu faz alguns anos para resolver esse problema. Basicamente você faz um conjunto de fotos com medições de luz diferentes e depois mixa essas fotos num software de edição. Infelizmente a técnica acabou sendo usada para se fazer fotos extremamente artificiais, e com isso o termo HDR acabou virando sinônimo de foto bizarra. Mas se a gente resgatar o sentido original do HDR é possível fazer boas fotos em condições de luz bem difíceis.
Vamos reforçar o entendimento com um exemplo.
Em Petrópolis existe uma bela capela que faz parte do conjunto arquitetônico do Mosteiro da Virgem. É um lugar lindo e relativamente pouco conhecido. A dificuldade de fotografar a capela é a forte luminosidade das janelas ao fundo, por trás do altar. Nossos olhos conseguem ver detalhes em tudo, mas os sensores da nossa câmera não conseguem.
Vamos à execução do HDR então.
Para fazer as fotos eu montei a câmera num tripé e fiz uma leitura de luz inicial. O ponto de partida é uma foto onde se preserve os detalhes na altas luzes, mesmo que as sombras fiquem totalmente fechadas.
Foto 1 do HDR - detalhes preservados nas janelas
Depois subi 2 pontos na exposição e fiz a segunda foto.
Foto 2 do HDR
E Subi mais 2 pontos para fazer a terceira.
Foto 3 do HDR
Nas três fotos eu usei o mesmo ISO e a mesma abertura, e fui mudando a exposição variando o tempo. Na prática eu faço isso de maneira automática, usando a função "auto-bracketing" da câmera. Se aprender a usar desta forma facilita. Mas dá para fazer manualmente também.
Pra quem curte ver os dados das fotos eu usei uma Canon 5D mark II com a lente Canon 17-40mm f/4 L. Nas três fotos mantive ISO 160, f/11 e 17mm. E os tempos foram respectivamente 0,10", 0,40" e 1,6". As fotos foram capturadas no formato RAW.
Usando o aplicativo de edição Adobe Lightroom (tem que ser da versão CC para frente) selecionei as três fotos, cliquei com o botão direito em "mesclar foto" e "HDR". O Lightroom processa o HDR e te entrega um novo arquivo em RAW.
HDR mixado pelo Adobe Lightroom CC
É a partir do HDR em RAW que o tratamento da foto começa. Não vou detalhar tudo aqui, pois já mostrei esses passos em outros artigos, mas vou mostrar os ajustes mais importantes.
Depois de fazer os ajustes globais - tone mapping, claridade, nitidez, redução de ruido - eu fiz um acerto de perspectiva, basicamente para corrigir a inclinação das colunas.
Perspectiva ajustada
Analisando o resultado decidi fazer ajustes de luminosidade. Essa é uma etapa bem pessoal, onde o fotógrafo analisa o fluxo do olhar pela foto e interfere nesse fluxo. A primeira decisão minha foi acrescentar um pouco de vinheta, para direcionar o olhar para dentro da foto.
Foto sem a vinheta
Foto com a vinheta aplicada
Depois destaquei a imagem do centro do altar com um filtro radial. Basicamente acrescentei luz e definição nessa parte.
E também apliquei mais claridade na parte central da foto.
E aqui está o resultado final.
Mosteiro da Virgem - clique na foto para ampliar
Repare que o resultado do uso da técnica HDR é uma foto onde as informações das sombras e das altas luzes estão preservadas.
Usando esta mesma técnica mas sem ser repetitivo detalhando todo o processo, eu fotografei o lado oposto, a entrada da capela. Veja o resultado.
Foto 1 do HDR
Foto 2 do HDR
Foto 3 do HDR
E o resultado final, já com o tratamento
Nesse mesmo dia fui para a Catedral São Pedro de Alcântara, a Catedral de Petrópolis. Essa bela igreja construída em estilo neo-gótico apresentava um novo desafio. As dimensões maiores e o teto muito alto não permitiam um único enquadramento. Teria que fazer fotos na vertical para depois montá-las lado a lado. Mas essas fotos teriam que ser HDRs, pois a diferença de luz dos vitrais para o interior da igreja era imensa. Montei a câmera no tripé, fiz um enquadramento para a esquerda, um central e um para a direita. Para cada enquadramento fiz três fotos com leituras de luz diferentes. No Lightroom montei um HDR para cada enquadramento e depois montei a panorâmica com os HDRs.
Complicou?
É fácil entender vendo o esquema abaixo...
Montar a panorâmica no Lightroom é bem simples - o processo é similar ao HDR. É só selecionar as fotos e clicar com o botão direito. Depois clica em "mesclar foto" e "panorama". Assim como o HDR, a panorâmica montada é um novo RAW, que passa a ser o ponto de partida do tratamento.
Seguindo aqueles passos todos - tone mapping, claridade, nitidez, ajuste de perspectiva e ajustes localizados de luminosidade, etc., chegamos no resultado final. A nossa bela Catedral neo-gótica registrada por dentro.
Se você chegou até aqui, parabéns! Como já disse em outros artigos, aprender fotografia envolve prática e estudo. O processo parece complicado? Talvez ele todo seja sim, mas você pode começar aprendendo e dominando as duas técnicas isoladamente.
Se você gostou do artigo e quer ir mais à fundo nessas técnicas, conheça o Paraty Fotowalk com Waldyr Neto, onde nós vamos caminhar e fotografar juntos pelas ruas do Centro Histórico de Paraty.
Catedral São Pedro de Alcântara - vista externa
LINDA IMAGENS - ADOREI
ResponderExcluirMagnificas imagens! Grande aprendizado! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado Gioconda!
ExcluirObrigado pelas dicas, acompanho vc e isso tem me ajudado bastante.
ResponderExcluirObrigado Xará!!
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