por Waldyr Neto
Amanhecer na Pedra da Lagoinha, Búzios
Vamos em frente...
A primeira questão fundamental é entender que a forma natural de olhar não funciona muito para a fotografia. O olhar é focado, se prende num elemento e dá pouca atenção ao que está em volta. O que está em volta é até percebido pela visão periférica, mas nós não nos preocupamos muito com essas "bordas" no nosso "enquadramento" visual.
Quando começamos a fotografar é comum transportar essa forma natural de olhar para o ato de fotografar. Como resultado temos fotos com tema centrado e com elementos perdidos nas bordas - uma meia pessoa, uma meia casa, um objeto que rouba a atenção.
Para superar essa etapa é preciso treinar o olhar para percorrer todo o enquadramento da foto e dispor os elementos de forma mais harmoniosa, mais agradável ao olhar.
A Regra dos Terços
Caminhada nos penhascos em Pourville - Claude Monet
A regra dos terços vem da pintura. A palavrinha "regra" é sempre perigosa. Melhor entender como um conceito. A ideia é simples... dividimos o enquadramento em terços horizontais e verticais, e usamos essas linhas para encaixar elementos importantes (como as pessoas no quadro acima) ou transições (como a transição entre o mar e o céu). Pode-se acrescentar que os cruzamentos das linhas seriam os pontos mais nobres da foto (repare onde está o guarda-sol vermelho... não é coincidência).
Mas precisa ser tão rígido? Lógico que não... o importante aqui é compreender o conceito... repare que a linha do horizonte no quadro do Monet não está exatamente na linha de terço superior.
Vamos entender como funciona o nosso sub-consciente:
Alguma coisa centrada passa a impressão de estável... e monótona.
Alguma coisa descentrada passa a impressão de instável... e dinâmica.
Quem quer fazer fotos monótonas?
Então aqui podemos dizer que a ideia por trás da regra dos terços é descentrar os elementos. Distribuir os elementos pelo enquadramento.
Amanhecer na região de Três Picos, Teresópolis
O Exercício
O bacana da regra dos terços é que é um conceito bem fácil de entender. E mais... é possível colocar as linhas de terços nos LCDs das nossas câmeras como ajuda. Até smartphones costumam ter as linhas de terços. Basta procurar nas configurações.
Vamos ao nosso exercício...
A ideia é sair por aí fotografando. Pode ser com a câmera ou mesmo com o smartphone. Smartphones são ótimos para treinar composição, pois a gente clica sem se preocupar com as questões técnicas.
A brincadeira é usar os terços na composição, definir onde encaixar os elementos, onde posicionar a linha de horizonte, etc.
Só isso. Simples assim.
Simples, mas tem um objetivo claro. Quando você tem que parar para pensar antes de clicar, quando você se pergunta se a linha do horizonte vai ficar no terço inferior ou superior, quando você se pergunta se a árvore vai ficar no terço direito ou esquerdo... você começa a raciocinar composição. Você começa a dispor os elementos da foto de forma harmônica, complementar, pensando em estética. E você começa a olhar o enquadramento por completo, e não centrado no tema principal.
O objetivo desse exercício é treinar o olhar fotográfico, em oposição ao olhar natural.
Amanhecer no Alto da Ventania, Petrópolis
Pescador em Búzios
E por quanto tempo praticar? por quanto tempo usar essa técnica?
A resposta é bem individual... Eu ainda uso os terços, e uso outros conceitos também. Mas cada vez mais fotografo de forma intuitiva. Às vezes desfoco o olhar e vejo se as formas e cores da foto me agradam, e corrijo levemente o enquadramento por conta disso. Acho que é uma evolução natural.
Então é isso pessoal... Bora praticar!
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Amanhecer visto do Pico do Papagaio, Ilha Grande
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