por Waldyr Neto -
Imagina sair por aí com a câmera na mão explorando as ruas de uma cidade... O olhar atento vai buscando peculiaridades, enquadramentos, cenas do cotidiano... a cada clique mixamos a realidade e a nossa interpretação, criando imagens únicas. Registros do nosso passeio, registros da humanidade.
"Fotografar é saborear a vida intensamente, a cada centésimo de segundo" Marc Riboud
Marc Riboud sabia das coisas... para fotografar as ruas, o cotidiano, as pessoas; é preciso estar atento, é preciso ter consciência do que acontece ao redor. E essa consciência dá sabor à vida. É o estado de atenção, de estar no momento presente, de viver o momento presente.
Crianças de uma fazendinha em Petrópolis, Rio de Janeiro
Mas o que fotografamos nas ruas?
"A fotografia é o que há de melhor para mergulhar na vida. Saia, conheça pessoas, viva momentos e fotografe!" Eliane Terracata
A ideia é sair por aí, talvez com um roteiro, talvez não. A câmera deve estar fácil, sempre à mão. O olhar segue atento, buscando paisagens, detalhes da arquitetura, expressões ou gestos das pessoas. No início a gente tem que ser esforçar, mas com o tempo se torna puro instinto - as fotos vão surgindo e a gente se deixa levar, clicando, interagindo com a cidade e as pessoas.
Artista de Rua em Petrópolis, Rio de Janeiro
A fotografia de paisagens urbanas é bem parecida com a fotografia de paisagens naturais. Normalmente vamos unir os prédios, casas, igrejas a uma condição especial de luz, nuvens, etc. As luzes do amanhecer ou entardecer costumam ser as ideais.
Antiga cadeia de Tiradentes, Minas Gerais. Foto feita ao amanhecer.
"Sempre fui fascinado pela condição poética do crepúsculo. Por sua qualidade transformadora, seu poder de transformar o comum em algo mágico e espiritual. Meu desejo é que a narrativa nas fotos opere nessa circunstância. É essa sensação de estar entre limites que me interessa." Gregory Crewdson
Mas é possível simplesmente encontrar um tema interessante em qualquer horário e conseguir um bom registro. A questão aqui é realmente treinar a atenção e o olhar fotográfico.
St. James Park, em Londres, numa tarde nublada
Viela de Tiradentes, Minas Gerais
"A fotografia é uma forma de ficção. É ao mesmo tempo um registro da realidade e um auto-retrato, por que só o fotógrafo vê aquilo daquela maneira." Gerard Castello Lopes
O bacana é vencer o ímpeto de simplesmente olhar e registrar uma cena. O desafio é trabalhar o enquadramento para que a foto seja uma interpretação sua e única da realidade.
Rua da Câmara e Matriz de Santo Antônio, Tiradentes, Minas Gerais
Fechando um pouco mais o enquadramento começamos a perceber detalhes na arquitetura - pontes, igrejas, monumentos, ou qualquer coisa que nos chame à atenção. A fotografia de arquitetura pode ser externa ou de interiores, como numa igreja, castelo, museu, etc. Podemos fazer simples registros ou, melhor ainda, inserir a nossa própria interpretação.
Escadas do Palácio Rio Negro, Petrópolis, Rio de Janeiro
Interior da Catedral de Petrópolis, Rio de Janeiro
St. Pancras Railway Station, Londres
"O fotógrafo é um poeta que rima imagens" Lina Marano
Quando o que atrai o nosso olhar são as pessoas, temos a fotografia street. Uma foto street pode ter pessoas explicitas ou implícitas, mas quase sempre está relacionada a pessoas.
Registro do cotidiano numa rua comercial de Petrópolis, Rio de Janeiro
Engraxate em Petrópolis, Rio de Janeiro
"Tudo o que não é fotografado é perdido, então para viver de verdade é preciso fotografar." Italo Calvino
Na fotografia street buscamos principalmente captar o olhar, uma expressão ou gesto. O fotógrafo faz parte da foto, numa clara interação com as pessoas. Quando juntamos tudo - a percepção, o momento, o enquadramento, as regulagens da câmera, a proximidade e principalmente o receio de fotografar estranhos, percebemos que a fotografia street é uma das fotografias mais difíceis. Mas é certamente um desafio que vale à pena.
Gaiteiro numa feira livre em Petrópolis, Rio de Janeiro
Num nível mais intimista a foto street se transforma num retrato de rua. Normalmente são fotos consentidas, verbalmente ou até por comunicação gestual. O desafio é conseguir uma foto não posada. Às vezes é preciso entreter a pessoa até que ela esqueça que vai ser fotografada e assuma uma postura mais natural.
Hippie num calçadão em Petrópolis, Rio de Janeiro
Violonista em um bar, São João del Rei, Minas Gerais
"Não tiro fotos da vida como ela é, mas de como eu queria que ela fosse." Robert Doisneau
Crianças numa fazendinha em Petrópolis, Rio de Janeiro
Mas a essência da coisa continua sendo botar um calçado confortável, pendurar a câmera no pescoço e sair por aí fotografando o que der vontade de fotografar. Se for com alguns amigos melhor ainda. Nesse momento mágico não estamos preocupados em definir que tipo de foto estamos fazendo, ou mesmo em seguir qualquer regra. Deixamos isso para depois ou para os críticos. No momento de fotografar quem nos guia é a emoção, o instinto.
Então... bora pras ruas fotografar!!
"Inspiração existe, mas ela precisa te encontrar trabalhando." Pablo Picasso
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Adorei a matéria Waldyr, Grata pelas inspirações.
ResponderExcluirObrigado Silvia!
ExcluirQue interessante entender mais sobre o que vc pensa dos passeios fotográficos, Waldyr! E ainda mais saber que bate com o que eu penso também.
ResponderExcluirBacana as citações também. Só conhecia a primeira
Sabe que esse tal de passeio fotográfico parece interessante? Hahahaha, quem me conhece deve estar rindo também né hehehehe
Passeios fotográficos/expedições fotográficas/viagens fotográficas mudam vidas.
Obrigado Waldyr!
Ainda preciso escrever sobre o meu passeio fotográfico na tua cidade... em breve...
Abraços!
Obrigado Filipe! Bora escrever!!
ExcluirOlá Waldyr, muito bom. Obrigado por partilhar a boa fotografia.
ResponderExcluirObrigado Henry!
ExcluirExcelente artigo, Waldyr! Certamente estaremos juntos em algum evento desse.
ResponderExcluirObrigado Gerson!
ExcluirUm belo trabalho se faz uma linda arte!
ResponderExcluirParabéns.
Obrigado!
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