Tem excursões que a gente leva uma vida inteira para fazer. Acredito que todo mundo que suba o Alto da Ventania, ou que faça a linda travessia Cobiçado – Ventania, já tenha ficado instigado com aquela larga trilha que desce seguindo as torres de alta tensão em direção a Santo Aleixo, distrito de Magé que fica num vale encravado na encosta sul da Serra dos Órgãos.
E comigo não foi diferente, pois já fiz dezenas de excursões para aquelas montanhas do Caxambú. E foi numa dessas excursões, para a Pedra do Inferno que resolvi que ia fazer, ainda em 2007, a Travessia Caxambú – Santo Aleixo. Nesse dia constatamos que a trilha do Alto da Ventania estava bem aberta, provavelmente devido a trabalhos de manutenção nas torres. Se toda a extensão da trilha estivesse no mesmo estado nossa Travessia seria muito tranqüila.
Marquei a excursão, que acabou sendo cancelada algumas vezes devido a mau tempo e outros imprevistos. Finalmente surgiu a data ideal, com previsão de bom tempo. Como confirmei em cima da hora só apareceu o Jair Amaral, que com seus 71 anos é atual montanhista mais ativo do CEP. Melhor companhia impossível! E nenhum de nós conhecia o caminho, o que dava um sabor especial à aventura.
A Partida
No dia da caminhada nos encontramos bem cedo, por volta as 6:00 horas em Petrópolis. Pegamos um ônibus para o Caxambú e iniciamos a subida do Alto da Ventania. O dia estava lindo, sem nuvens, um silêncio fantástico. Ficamos impressionados com os moradores do Caxambú, que por volta das 6:30 já davam duro nas plantações daquelas íngremes encostas.
Caminhando sem pressa chegamos no Alto da Ventania às 8:00 em ponto. Escolhemos um boa laje para descansar e fazer um lanche. Tentei visualizar parte da rota, que desce na linha das torres até uma espécie de garganta, à direita do imponente Pico Maior de Magé. Daí pra baixo não dava para ver mais nada.
Rumo ao Desconhecido...
Às 8:40 partimos, curtindo muito a sensação de estar indo “rumo ao desconhecido”. A trilha, que começa suave, logo desce forte num bonito trecho que alterna trechos abertos ao lado das torres e trechos na mata. Ficamos aliviados de constatar que o caminho estava bem aberto, confirmando nossas suspeitas com relação ao um recente trabalho de manutenção das torres. O altímetro ia marcando 1500m, 1450m, 1400m...
Ao final dessa primeira descida, entramos num lindo trecho de mata, onde cruzamos um riacho. Mesmo estando na borda da serra, este largo riacho faz uma improvável curva e volta para Petrópolis, sendo um dos afluentes do Rio Itamarati. Acredito que tenha sido exatamente neste local que cinco caminhantes perdidas tenham descido o riacho pelas pedras, sem perceber a trilha nas margens. Elas caminharam por dois dias até chegar na barragem do Caxambú, onde foram resgatadas com fome e muito machucadas.
Deixamos para trás o riacho e entramos num trecho plano, ainda na mata. Logo saímos para um trecho aberto onde voltamos a acompanhar as torres. Estávamos chegando na garganta, limite do que era possível ver do Alto da Ventania.
E comigo não foi diferente, pois já fiz dezenas de excursões para aquelas montanhas do Caxambú. E foi numa dessas excursões, para a Pedra do Inferno que resolvi que ia fazer, ainda em 2007, a Travessia Caxambú – Santo Aleixo. Nesse dia constatamos que a trilha do Alto da Ventania estava bem aberta, provavelmente devido a trabalhos de manutenção nas torres. Se toda a extensão da trilha estivesse no mesmo estado nossa Travessia seria muito tranqüila.
Marquei a excursão, que acabou sendo cancelada algumas vezes devido a mau tempo e outros imprevistos. Finalmente surgiu a data ideal, com previsão de bom tempo. Como confirmei em cima da hora só apareceu o Jair Amaral, que com seus 71 anos é atual montanhista mais ativo do CEP. Melhor companhia impossível! E nenhum de nós conhecia o caminho, o que dava um sabor especial à aventura.
A Partida
No dia da caminhada nos encontramos bem cedo, por volta as 6:00 horas em Petrópolis. Pegamos um ônibus para o Caxambú e iniciamos a subida do Alto da Ventania. O dia estava lindo, sem nuvens, um silêncio fantástico. Ficamos impressionados com os moradores do Caxambú, que por volta das 6:30 já davam duro nas plantações daquelas íngremes encostas.
Caminhando sem pressa chegamos no Alto da Ventania às 8:00 em ponto. Escolhemos um boa laje para descansar e fazer um lanche. Tentei visualizar parte da rota, que desce na linha das torres até uma espécie de garganta, à direita do imponente Pico Maior de Magé. Daí pra baixo não dava para ver mais nada.
Rumo ao Desconhecido...
Às 8:40 partimos, curtindo muito a sensação de estar indo “rumo ao desconhecido”. A trilha, que começa suave, logo desce forte num bonito trecho que alterna trechos abertos ao lado das torres e trechos na mata. Ficamos aliviados de constatar que o caminho estava bem aberto, confirmando nossas suspeitas com relação ao um recente trabalho de manutenção das torres. O altímetro ia marcando 1500m, 1450m, 1400m...
Ao final dessa primeira descida, entramos num lindo trecho de mata, onde cruzamos um riacho. Mesmo estando na borda da serra, este largo riacho faz uma improvável curva e volta para Petrópolis, sendo um dos afluentes do Rio Itamarati. Acredito que tenha sido exatamente neste local que cinco caminhantes perdidas tenham descido o riacho pelas pedras, sem perceber a trilha nas margens. Elas caminharam por dois dias até chegar na barragem do Caxambú, onde foram resgatadas com fome e muito machucadas.
Deixamos para trás o riacho e entramos num trecho plano, ainda na mata. Logo saímos para um trecho aberto onde voltamos a acompanhar as torres. Estávamos chegando na garganta, limite do que era possível ver do Alto da Ventania.
Quase na garganta a trilha começa a subir para a borda direita, no que talvez seja o trecho mais bonito da caminhada. Exatamente na garganta um conjunto de três torres, e a sensação de estar chegando na beirada de uma mesa. Quando chegamos nessa beirada ficamos impressionados com o que ainda faltava andar. Um profundo vale surgiu abaixo, e a encosta era tão íngreme foi difícil imaginar por onde desceríamos.
Desde os 1570m de altitude do Alto da Ventania já tínhamos descido um desnível de 300m. Faltava descer um desnível de 1200m até o distante vale principal de Santo Aleixo.
A Trilha Suspensa
Iniciamos a descida curiosos, até descobrir que o caminho entra na mata á esquerda e desce num ziguezague incrivelmente bem feito e praticamente suspenso. Estávamos numa parede quase vertical e ao mesmo tempo caminhando numa larga trilha. O altímetro ia marcando 1200m, 1150m, 1100m...
Os Taquaruçús
Vencida a encosta mais íngreme, continuamos a descer pela mata cortando fios d’água, num ziguezague menos pronunciado. E logo chegamos no trecho dos taquaruçús, que tem a fama de ser a “roubada” dessa trilha. Os taquaruçús vão arriando sobre a trilha formando um difícil obstáculo, praticamente impossível de abrir com facão. A saída é passar se arrastando, por um trecho que dura mais de uma hora. Como era nosso dia de sorte, encontramos tudo aberto. Estimamos que o trabalho foi feito usando uma moto-serra. Vencemos os taquaruçús sem tirar o facão da mochila.
Respiramos aliviados quando chegamos num trecho quase plano, saindo da mata e seguindo ao lado das torres. Já tínhamos vencido um desnível de mais de 1000 metros desde o Alto da Ventania. Mas o vale de Santo Aleixo ainda parecia bem distante.
Floresta das Águas
Quando pensamos que caminharíamos a céu aberto, a trilha fez uma guinada e entrou na mata novamente, numa larga e bonita trilha. Seguimos cruzando riachos e fios d’água bastante caudalosos, mesmo no final da estação seca. No altímetro a altitude ia baixando devagarinho, 400m, 350m, 300m... até que chegamos numa larga trilha com os primeiros sinais de civilização. Passamos por uma casinhas simples e entramos novamente num trecho deserto, de mata.
Depois de caminhar mais um pouco surgiu um trecho de trilha lindo, com campos de flores dos dois lados da trilha. Paramos e fizemos um lanche reforçado, pois já era perto de meio dia.
Mais abaixo a trilha vira um a estradinha, ao lado de um bonita casinha e pau-a-pique, onde fomos recebidos por um estranho sujeito com uma faca na mão. O cara na verdade era um morador local e estava indo matar um porco. Depois de conversar com ele seguimos descendo, tendo como trilha sonora os gritos do porco, que aparentemente teimava em não virar toucinho.
É um bar !!!!!!
250m, 200m, 150m.... e a gente ia descendo, com os joelhos já um pouco cansados. E de repente surge à frente uma construção que parecia um bar. Enquanto eu estava marcando um ponto no GPS o Jair disparou... mas logo abriu um sorriso engraçado. O lugar era na verdade um clube de militares, com parquinho, campo de futebol, etc. Tudo arrumadinho... e fechado. Um senhor muito simpático nos indicou o caminho e disse que faltava uns 40 minutos de caminhada.
Percorremos o trecho final até a rua principal de Santo Aleixo. Descobrimos onde era o ponto de ônibus... mas primeiro tinha que rolar uma cervejinha. Mas que lugar era esse que não tinha botequim em ponto de ônibus? Acabamos andando um bocado para achar um bar, onde jogamos as mochilas no chão e fomos tomar uma merecida gelada, comemorando o final dessa linda caminhada. No GPS estava registrada a extensão da trilha: 14km percorridos em 6 horas. Ficamos imaginando como seria fazer a trilha em sentido inverso, vencendo os 1500m de desnível vertical até o Alto da Ventania.
Essa fica pra próxima...
e o local "Ariuóca" Você conhece? já ouviu falar? Gostaria de saber achar no mapa e informações sobre as escaladas e trilhas.
ResponderExcluirMe envie por gentilesa pelo meu e-mail:-
mhrgarrefa@hotmail.com
Maria Helena
Obrigada!
Gmail:-mariahelenarg@gmail.com
parabéns!
ResponderExcluirum desafio e tanto...ainda mais pelo fato
de nunca a terem percorrido antes!!
Parabéns aos 2!
abraço!
Lindíssimo relato Waldyr!!
ResponderExcluirFOTOS BELASSS \O/
Vou ficar de olho... quero também a travessia Caxambú x Santo Aleixo!!
Me avisa da próxima!!
Bjs
Bom demais cara! Conheço o início da trilha em Santo Aleixo! Ainda vou arrumar um parceiro pra ir comigo!
ResponderExcluirfiz subindo por s.aleixo que perrengue kkkkkkkkk
ResponderExcluirto lendo hoje 2019, mais vivi com vcs a aventura com frio no estomago pelo desafio, só de pensar
ResponderExcluirCheguei aqui pesquisando por Caxambú e montanhas. Gostaria de conhecer mais lugares montanhosos, de preferência sem intervenções humanas na paisagem (como as mencionadas torres de alta tensão, no primeiro parágrafo da postagem).
ResponderExcluirFaz a Uricanal, é a travessia do caxambu e Bonfim, em meio a mata intocada com locais excelentes para camping.
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