terça-feira, 8 de março de 2011

Por da Lua sobre os Portais de Hércules


Uma vez a cada 28 dias temos a lua cheia. Nesse período acontecem algumas combinações bem interessantes da lua nascendo na hora do por do sol ou da lua se pondo na hora do nascer do sol. Pra quem curte fotografia basta pesquisar os horários e escolher um bom lugar para fotografar. A foto acima foi resultado de alguns estudos desse tipo. Na semana anterior, voltando de Friburgo, achei um bom local na descida da serra de Teresópolis, com uma bonita visão do paredão do Vale do Rio Soberbo. Depois de calcular bem os horários, acordei de madrugada e peguei a estrada. No local certo subi com o carro num gramado, abri a mala, montei o tripé com o equipo, sentei e fiquei esperando. A Lua se pôs exatamente sobre os Portais de Hércules, entre os Castelões (esquerda) e a Coroa do Frade (direita). O dia já ia clareando e foi possível registrar os detalhes das montanhas. Depois arrumei a tralha e fiquei curtindo o visual dos primeiros raios de sol nas montanhas.


sábado, 26 de fevereiro de 2011

Estar nas Montanhas


Guardo há muitos anos o gosto pelas montanhas. Isso nada tem a ver com desafios, superações, crenças, sensações ou com o próprio ato de subir. Muito menos tenho a vocação para monge ou eremita canditado a mestre perito da vida.

O que me atrai e fascina é a paisagem que se descortina a cada passo.

Tenho profunda veneração pela visão da imensidão dos vales, pela transparência das águas, e pelo infinito do horizonte. São coisas que se misturam e formam uma sinfonia que me invade e inunda de serenidade e quietude.

É andando entre elas que consigo sentir com mais clareza o cheiro da chuva, o gosto do molhado e o silêncio profano que balança suavemente a copa das árvores.

É entre elas que respiro o contraste do pouso das últimas gotas do sol em núvens brancas que mais parecem ao alcance da mão. É entre elas que um tipo de frio que aquece a alma borrifa de vermelho o céu azul.

Texto do amigo Luiz Aurélio Leite

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Montanhista

Eu poderia mesmo definir o montanhista como um ser que, hipercrítico de si mesmo, encontrará motivos de felicidade quando conseguir vencer provas, consideradas por ele difíceis e arriscadas. Vencer o medo que às vezes existe, apesar DA experiência. Jogar com a vida por façanhas, que ele e outros poucos acham importantíssimas. Dar a vida em troca do nada, do anonimato. É um sentir-se herói sem fanfarra e propaganda, mas sentir-se ser humano, neste mundo já cheio de conforto e segurança. Saborear o valor e a alegria de viver, quando momento antes quase a perdeu. É acreditar em alguma coisa, na honra, na sinceridade, em Deus.

Este é o montanhista, o Dom Quixote desta época, que embrutecido pelo materialismo, ainda encontra motivo de vida na luta contra esses gigantes de pedra e gelo, esses enormes e estáticos cavaleiros criados pela Natureza, para que alguém sentisse o prazer do duelo limpo e cavalheiresco. A vida contra o nada, pela estática e pelo prazer da luta.

A esse espírito essencialmente místico e romântico, alia-se o prazer da beleza do branco das neves e das geleiras, do azul do céu, dos paredões graníticos sinistros, ao verde dos vales. Acolá o perigo e o risco, aqui a vida fascinante e serena.

Texto de Domingos Giobbi [Montanhista do Clube Alpino Paulista, pioneiro brasileiro em escaladas de alta montanha na Europa e nos Andes].

Foto de Flávio Varricchio com minha Canon G11.