quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A Noite da Super Lua no Morro Açu


A última super lua de 2014 seria na noite de segunda para terça feira, no início de setembro. Não tinha certeza se conseguiria adiantar as questões de trabalho para tirar dois dias para uma subida ao Açu, mas fiz minhas compras e deixei tudo meio engatilhado.

Fiz meus estudos no The Photographers Ephemeris e anotei as informações importantes:


Tarde de segunda feira:
  • Nascer da Lua Cheia: 17:28 a 94,0º
  • Por do Sol: 17:43 a 275,6º
(clique na imagem para ampliar)


Manhã de terça feira:
  • Nascer do Sol: 5:55 a 84,6º
  • Por da Lua Cheia: 6:02 a 268,7º
(clique na imagem para ampliar)


No domingo a noite resolvi realmente ir e comecei a arrumar a mochila. Acordei cedo na segunda feira e fui para a Sede do Bonfim do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Deixei o carro na Dona Maria e iniciei a caminhada às 8:50.

Com a trambolhada de fotografia a mochila fica sempre pesada, mas o tempo meio nublado deixou a caminhada bem agradável. A trilha estava bem aberta e com visíveis trabalhos de manutenção. Na longa subida do Queijo reparei a recuperação da mata que aos poucos vai deixando essa parte da trilha mais sombreada. Um alento aos montanhistas.

Passei batido pelo Queijo e continuei minha tocada morro acima. Estava subindo devagar mas em ritmo bem constante. Mais um tempo caminhando e cheguei no Ajax, onde finalmente baixei a mochila e fiz um lanche. 

Na subida da Isabeloca uma bela surpresa. Um trabalho de manutenção recuperou a subida original, mais suave e chegando no Marco do Chapadão. Nos próximos dias o trabalho será concluído com o fechamento dos atalhos.

O tempo começou a abrir. Fui caminhando pelo Chapadão e constatei também que muitos marcos foram refeitos, usando um tipo de cimento. O tempo começava a abrir e a tarde prometia.

Pouco antes das 14:00 horas cheguei no Açu, completando 5 horas de subida.


Pensei que estava sozinho, mas constatei que tinha pelo menos um grupo na área de camping e um outro grupo no abrigo. Montei minha barraca num pequeno platô por trás do mirante, um lugar isolado e tranquilo. Abasteci o cantil e fui preparar meu almoço: Miojo com sardinha e queijo ralado.

Barriga cheia... montei a mochila só com o equipamento de fotografia e fui caminhar. Fui para os lados do Chapadão para tentar encontrar um ponto para fotografar a lua cheia nascendo por trás dos Castelos do Açu. Mas exatamente no ponto onde a lua ia nascer estava nublado. Abortei essa ideia e voltei rapidamente para o cume do Açu.

Explorei um pouco o cume e encontrei um bonito arbusto com folhas avermelhadas na encosta voltada para o Vale do Bonfim. Neste local não teria visão para a lua, mas achei que valia a pena ficar ali. Fiz minha escolha: Abandonei a lua e fiz minha foto do por do sol.


Quando voltei para o acampamento a lua já estava alta e o contraste não permitia compor com outros elementos. Uma lua realmente linda, que vai ficar apenas na memória.

Voltei para o acampamento para planejar as fotos do amanhecer. A lua ia se por no oeste, numa região sem grandes atrativos de relevo. E eu queria fotografar a Serra dos Órgãos de uma crista no caminho do Pico do Eco, onde teria uma visão mais aberta dos picos. Mais uma vez decidi abandonar a lua e apostar no lado do sol.

Parti para uma rápida caminhada noturna para relembrar o início da trilha do Pico do Eco e depois voltei para preparar um chá no acampamento. A luz da lua era tão intensa que eu arrisquei uma longa exposição das montanhas iluminadas pelo luar. Esse acabou sendo o meu único registro (indireto) da super lua. Depois fiquei ali contemplando o silêncio e o visual...


Hora de dormir. Botei o despertador para as 4:45 e fui descansar.

Na terça feira o dia amanheceu bem limpo, sem nuvens. Me arrumei rapidamente e fui caminhando, ainda no escuro, até o ponto que eu tinha escolhido para fazer as fotos. A lua cheia já ia se escondendo por trás do Açu. Eu tinha feito minha escolha e me concentrei no lado do nascer do sol.

Depois de uma rápida caminhada cheguei num lajão e comecei a montar o equipamento. Com o céu sem nuvens as primeiras fotos ficaram sem graça e com muito contraste. Experimentei uma foto sem o céu no enquadramento e gostei bastante.


 Mas logo que o sol nasceu eu constatei que tinha uma camada de névoa na altura dos picos mais baixos. O sol frontal complicava tudo, mas eu consegui evitar o flare usando o timer de 10 segundos e indo para a frente da câmera para sombrear a lente com a mão. 



Dever cumprido, voltei para o acampamento para tomar um café da manhã e me preparar para o retorno. A descida, sob sol forte, foi mais sofrida. Não percebi na hora, mas estava ficando gripado.

Fechei minha aventura tomando umas cervejas e comendo a deliciosa comidinha feita no forno a lenha do Bar do Tourinho.