sábado, 23 de outubro de 2010

Clicando o Nascer da Lua Cheia...

Uma vez por mês a lua cheia nasce na hora do por do sol. Nesse dia eu subi o Morro Açu, montei meu tripé e fiquei esperando o show. Estava sozinho lá em cima, um silêncio surreal. Valeu a pena esperar... (clique para ampliar...)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Expedição Pedal Brasil



Em fins de 2003 meu amigo e montanhista dos bons Léo Holderbaum me convidou para "dar uma pedalada no Nordeste". Durante três meses treinamos muito, quase todos os dias, ou mais precisamente todas as noites após o trabalho. Aprendemos a mecânica básica das bikes e montamos bagageiros e alforges. Com quase tudo pronto eu sai do trabalho e vendi minha moto.
Poucos dias antes do Natal desmontamos tudo e pegamos um vôo para São Luis, Maranhão. Chegamos no nosso destino para lá de meia noite, espalhamos a tralha toda no chão do Aeroporto e começamos a montar nossas bikes, sob os olhares espantados de uns poucos que ainda estavam trabalhando por ali.
De São Luis partiu uma pedalada de 2.200km - Atravessamos o Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, de onde voltamos. Pedalamos pela areia das praias, estradinhas e até disputamos com caminhões e carros alguns trechos de estradas. Pedalamos sob sol e chuva. Vimos litorais de dunas, falésias e coqueiros, as três paisagens da costa do Nordeste. Atravessamos rios em canoas e jangadas, tocamos violão com hippies, concertamos pneus furados e correntes quebradas até fazer isso de olhos fechados. Conhecemos um Brasil mais brasileiro e vivemos 46 dias de forma totalmente simples, como dificilmente se consegue viver hoje nas cidades. Uma grande experiência.

domingo, 28 de março de 2010

Sobre a Coragem...

Há um provérbio popular espanhol que diz: "O mundo é de Deus, mas Deus o aluga aos corajosos." As pessoas que o repetem descobrem um dia que a coragem de que fala é a ousadia de ver a vida com os olhos de um recém-chegado para quem cada coisa acontece sempre pela primeira e pela última vez. Aos homens que têm a coragem de ver assim, Deus empresta seu mundo - como já havia emprestado sua sabedoria.

Texto do livro O Som do Silêncio, de Luiz Carlos Lisboa - Ed. Verus

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A Soma de Todos os Medos

Essa trabalhosa conquista começou em fins de 2005 e terminou em agosto de 2006. Tudo começou em meados de 2005, quando eu, Alex Chê e Motta (Alexandre Motta) fomos repetir uma conquista recente no Cantagalo Menor, a linda via "Impermanência de Todas as Formas". Na volta esticamos até perto da base do Cantagalo (o maior, da foto acima) e o Motta disse "Vamos conquistar uma via nessa parede". Nas primeiras investidas participaram o Alex, Motta, Renatinho (Renato Walter) e o Matheus Reis. Depois de uma enfiada em agarrência e outra numa grande horizontal seguindo um friso, os conquistadores encontraram o "file" da via, uma inacreditável linha de agarrões e platôs que subia em diagonal para a direita. "O caminho da pedra".

A partir da quarta investida, já em 2006, eu passei a fazer parte do grupo e nós fomos ganhando altura, sempre seguindo a linha de agarras que garantia um traçado lindo e até relativamente fácil. O inverno veio chegando e o trabalho de conquistar cada vez mais alto, sempre de marreta e punho, ia ficando sofrido. Mas a beleza da via, já com alguns trechos em móvel, ia nos motivando a seguir em frente.

Em fins de junho o Fernandes, velho parceiro de conquistas dos Alex, voltou a morar em Petrópolis e se juntou ao grupo. Com isso a conquista acelerou e logo venceu a 12ª enfiada, que marcou o fim da linha de agarras. Depois de 10 enfiadas seguindo uma linha natural, tínhamos pela frente a arrancada final, com trechos que pareciam ser mais delicados. A imensa parede toda encordada e o esforço de levar material para cima eram um verdadeiro desafio. Mais uma investida do Alex e Fernandes, terminando por vencer um trecho em artificial, e a via chegou no final da 14ª enfiada.

Mas, enfim, avaliamos a situação e marcamos a investida final. Com uma furadeira emprestada a idéia era levar material suficiente e terminar a via de qualquer jeito. O dia escolhido foi uma quarta feira. Era o dia que o Alex e o Fernandes podiam e eu tive que faltar o trabalho. Preparamos tudo de véspera e a idéia seria eu e o Alex levarmos a maior parte do material pesado e o Fernandes subir mais leve para conquistar as enfiadas finais. Isso ele fazia questão.

O resumo da história é que nos encontramos às 2:00 da madrugada do dia 16 de agosto de 2006, e às 3:00 já estávamos jumareando a longa sequência de cordas deixadas na via. Foram mais de 600m de subida que levaram umas 7:00 extenuantes horas. Mas às 10:00 da manhã, num dia muito bonito, estávamos em P14 nos preparando para a investida final. Nesse dia conquistamos as duas enfiadas finais da via e comemoramos o fim de uma conquista que contou com 12 investidas. A descida foi especialmente complicada, pois tínhamos que tirar centenas de metros de cordas da parede; jornada que durou umas 6 horas. Já na base, caminhando a noite pela curta trilha até o carro, cheguei a apagar algumas vezes com hipoglicemia. Comemoramos exaustos com caldo de cana.

A Soma de Todos os Medos: D4 5º VI+ A0 E3 840 metros de extensão
Conquistadores: Alex, Motta, Fernandes, Waldyr, Renatinho e Matheus
Apoio: Zecão (apoio numa investida para fixar cordas e duplicar paradas) e Adriano Ted (que nos emprestou a furadeira)

Na foto acima estão os escaladores petropolitanos Marcel e Marquinhos, numa das primeiras repetições da via. Eles estão seguindo a linha de agarras num dos trechos mais bonitos - a 8ª enfiada, que tem algumas passadas em móvel.

A mesma foto, com menos zoom. Dá para ter a noção de como a parede é grande.

Sem zoom. Acima a parede toda vista do local onde se deixa o carro. A 8ª enfiada, onde estão o Marcel e o Marquinhos, está em destaque. Dá para ter uma boa noção do tamanho da parede.


Nas fotos acima estão o Alex (conquistando) e o Motta (dando seg). São fotos do início da conquista, tiradas pelo Erik, um simpático morador do condomínio.

A foto acima, também tirada pelo Erik, acabou registrando um momento histórico. Com um super zoom o Erik acabou fotografando os momentos finais da conquista. O Fernandes estava batalhando os últimos lances, onde quase tomou uma queda que nos deixaria em uma situação bem complicada. Eu e Alex estávamos aguardando em P15.

Outro registro do dia da conquista. O Alex estava saindo de P14 e bateu uma foto minha. A parede que aparece ao fundo é a do Cantagalo Menor.

Acima o Fernandes abrindo a 15ª enfiada.

Já na volta, o Alex abrindo os rapeis. Visual a 800m de altura.
E aí está o croquis, para os interessados em repetir a via (clicar para ampliar). Deve-se ter especial atenção durante a subida para ir pensando nos rapeis, pois tem trechos complicados em horizontal e diagonal. Como a via faz cume, é possível também descer pela trilha.