sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Capturando Imagens na Serra dos Órgãos


Esses dias recebi uma mensagem do talentoso cinegrafista Stefan Hess. Suiço radicado no Brasil, o Stefan tinha uma encomenda de imagens e filmagens de montanhas, especialmente Serra dos Órgãos. Depois de pesquisar meu portfólio e alguns artigos deste blog, ele imaginou que eu poderia ajudar no planejamento e execução do trabalho.


Clique aqui para conhecer um pouco do trabalho do Stefan Hess

Fizemos uma reunião, discutimos locações, custos, etc., e montamos um projeto. O cliente propriamente dito ainda não aprovou a proposta, mas nós resolvemos arriscar e iniciar a captura das imagens.

A primeira trip foi mais ou menos um aquecimento. Fizemos uma subida de carro na Pedra da Lagoinha num fim de tarde nublado e conseguimos capturar um bom material para montar um time-lapse de nuvens em movimento. Depois madrugamos e fizemos uma subida noturna no Alto da Ventania. Nesse dia a puxada de equipamentos envolveu três mochilas cargueiras, uma com o Stefan, uma com seu filho Ian e uma comigo. Um amigo, Eduardo Gelli, acabou indo junto.

O treino foi bom - caminhada noturna, mochilas pesadas, preparar equipamento no escuro... bem as situações que vamos encarar durante o projeto. O amanhecer foi muito bonito. O Stefan conseguiu mais algum material e eu aproveitei para fotografar um pouco.


Na semana seguinte, quase Natal, partimos para a segunda etapa; uma série de tomadas no entorno do Dedo de Deus. O Ian não pôde ir e eu convidei o Eduardo Gelli novamente, mas dessa vez para dar uma força nos transporte dos equipamentos.

O grupo se reuniu à tarde no Mirante do Soberbo. O tempo estava bom e nós fizemos algumas tomadas em um ponto mais adiante na estrada, e depois fechamos a tarde no Soberbo mesmo. Trabalho encerrado, demos entrada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e montamos nosso acampamento no camping da sede. Jantamos "Rap10" com queijo, tomate e orégano e planejamos nossa saída noturna para a trilha Cartão Postal.

Nascer do Sol: 6:06 h
Chegada no Mirante: 5:00 h
Início da caminhada: 4:00 h
Acordar: 3:40 h

Na madrugada cumprimos nosso planejamento à risca e pegamos um lindo amanhecer.

(Clique na imagem para ampliar)

A descida, já de dia, foi tranquila. As mochilas bem pesadas incomodavam um pouco, mas o astral era ótimo.

Na nossa base fizemos um bom café da manhã e descansamos um pouco.


A luz mais dura do dia não era propícia para filmar ou fotografar. Aproveitamos então para passear um pouco pelo Parque. Fomos até a Barragem e Trilha Suspensa. Tentei fotografar alguns amiguinhos da vida selvagem da Serra dos Órgãos.




Na volta almoçamos Miojo com um molho apimentado de lula que o Stefan fez. Delícia! Depois fizemos um rápido bate-e-volta no Piscinão e Bosque Santa Helena pra fazer digestão.

Lá pelas 16:00 h botamos as cargueiras no lombo e partimos novamente para a Trilha Cartão Postal. Ficamos no Mirante até o anoitecer e conseguimos mais algum material. Aqui um registro dessa tarde.


Mais tarde no camping fizemos a nossa última janta, tentando raspar o tacho - Rap10, Miojo, queijo, suco, etc. Acabamos mudando os planos e decidimos arriscar um amanhecer na Pedra da Tartaruga, no Parque Municipal Montanhas de Teresópolis.

Planejamento:

Nascer do Sol: 6:06 h
Chegada: 5:00 h
Início da caminhada: 4:40 h
Saída do Parque: 4:00 h
Acordar: 3:40 h

Na madrugada acordamos bem cansados mas organizamos tudo e partimos de carro. A subida foi tranquila e o tempo estava ótimo. Foi talvez o nosso momento mais proveitoso para filmagem.



Fechamos nossa trip com chave de ouro e fomos tomar café numa padaria. Depois voltamos para o Parque para desmontar acampamento.


Era dia 24 de dezembro, véspera de Natal. Hora de pegar a estrada de volta pra casa... Que venham as próximas etapas do projeto, que envolvem os acampamentos na parte alta do Parque! Mas agora depende do cliente aprovar...

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Açu Fotográfico


Nessa temporada de 2015 tive a oportunidade de ir ao Morro Açu duas vezes para fotografar. A primeira em meados de junho, com Flávio Varricchio, André Dib, Dmitri de Igatu e Miguel Buck. E agora em julho voltei com Marcos Guimarães e Louis Perry.

O Açu é a minha montanha das aventuras da adolescência. Um lugar que eu curto muito e volto sempre que possível. A maioria das pessoas acaba apenas pernoitando no Açu ao fazer a Travessia Petrô - Terê, e perde a oportunidade de explorar e conhecer esse lugar mágico.

Essa excursão de junho acabou sendo muito legal. Um daqueles raros encontros de bons fotógrafos onde a gente troca experiências e aprende vendo os colegas em ação. Pra completar o grupo era divertido e bom de montanha. Era uma excursão de 5 dias, organizada pelo Flávio, mas eu só pude acompanhá-los nos dois primeiros dias.


Nosso objetivo principal dessa primeira parte da excursão era fotografar o amanhecer nos Portais de Hércules, o grande mirante da Serra dos Órgãos. Pegamos tempo bom e eu fiz alguns bons cliques.





E o Miguel Buck me fotografou ainda concentrado no finalzinho da nossa seção do amanhecer. Um lindo registro.


(Flávio, Miguel, Waldyr, Dmitri e André - foto de André Dib)

A excursão de julho foi organizada pelo Marcos Guimarães. O Louis Perry, um velho novo amigo, estava voltando ao Açu depois de umas três décadas. Era um desafio para ele. Mas a subida foi tranquila, com sol forte e tempo bom.



Como chegamos no Açu relativamente cedo, montamos nosso acampamento e resolvemos passear pelo Circuito do Índio. As nuvens cirrus eram a moldura perfeita para as montanhas.


À noitinha fomos para o cume do Morro Açu para ver o por do sol.



Já após o por do sol o Marcos Guimarães me clicou...

(foto de Marcos Guimarães)

... enquanto eu estava fazendo essa foto aqui.


De volta ao acampamento, ficamos curtindo o lindo céu estrelado, típico do período de lua nova. Já tinha até guardado o equipamento, mas resolvi tentar uns registros das estrelas.


Ao final já era tarde e nós fomos dormir, com planos de fotografar o nascer do sol do caminho do Pico do Eco.

Depois de uma noite bem fria, madrugamos e nos equipamos para uma rápida caminhada até nosso point fotográfico. Espantamos o frio com um chá bem quentinho e partimos para a trilha.

O amanhecer foi cinematográfico, daqueles que valem a excursão. Bonito de ver e bem difícil de fotografar, devido ao contraste. Acabei conseguindo fazer um registro que foi bem fiel ao que vimos. Tem que clicar na foto e deixar a vista se acostumar, como foi na cena real.

(clique na foto para ampliar)

Depois ainda fiz mais uns cliques.





E fui clicado pelo Marcos, já com o dia clareando.

(foto de Marcos Guimarães)

Voltamos para o acampamento, tomamos um bom café e nos arrumamos para partir, de mochila pesada e alma leve...  É sempre bom voltar ao Açu.



segunda-feira, 4 de maio de 2015

Vesak, A Lua Cheia de Maio


Vesak é uma data comemorada pelos budistas que representa o aniversário de Buda, podendo também se referir à sua iluminação (nibbana) ou morte (paranibbana). A data é baseada no calendário lunar e coincide com a lua cheia próxima do fim de abril / início de maio.

O meu amigo Miguel Berredo, que é budista, já vinha me cobrando subir uma montanha para ver e fotografar essa lua. No The Photographers Ephemeris vimos que o Alto da Ventania seria uma boa escolha, pois a lua nasceria à direita do Pico Maior de Magé.

O nascer da lua é a linha em azul claro. Clique na foto para ampliar.

Como seria uma foto feita ao anoitecer, a programação era mais tranquila. Bastava subir o Alto da Ventania à tarde e esperar o show. Fizemos um bate-papo e um convite pelo grupo Fotógrafos de Montanha do Facebook e marcamos nosso encontro em Petrópolis às 14:30.

O grupo acabou sendo pequeno. Fomos eu, Miguel Berredo, Bruno Murtinho e Natália Chaves. Subimos o Alto da Ventania numa linda tarde de outono e chegamos no cume por volta das 16:20, com bastante folga para fotografar a lua que nasceria às 17:18.

Depois de um rápido descanso no cume verdadeiro do Ventania, partimos para o contraforte noroeste, de onde veríamos a lua nascer mais próxima do belo Pico Maior de Magé. Escolhi um boa laje de pedra com vista para o vale do Rio Itamarati e para o Pico.

Foto de Miguel Berredo


A tarde estava bem bonita e eu fiz uns cliques para aquecer.


O sol foi se pondo e a expectativa era grande. Do lado oposto a lua nasceu bem vermelha, mas meio opaca por conta das nuvens. A luz estava ótima e era só esperar um pouco pra fazer a minha foto. Com a lua um pouco mais alta surgiu o momento ideal.

(clique na foto para ampliar)

Logo depois escureceu e já não era mais possível equilibrar a luz da paisagem com a da lua. Comecei a guardar o equipamento e retornei para o topo do contraforte onde estava o grupo. Do lado do por do sol ainda tinha um restinho de luz e eu acabei fazendo um bonito registro do Miguel meditando.

Clique na foto para ampliar

Escureceu de vez. Hora de descansar e curtir o momento. Fizemos um lanchinho sem pressa e nos preparamos para descer. A descida noturna é sempre uma experiência bacana, e o papo era ótimo. Terminamos assim mais um belo encontro com as montanhas e a lua.

Conheça o Workshop de Fotografia de Montanha


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Fotografando o Amanhecer na Pedra do Camelo.


Depois das nossas duas investidas para fotografar na Pedra da Tartaruga, no Parque Municipal Natural Montanhas de Teresópolis, resolvemos conhecer a outra atração de lá, a Pedra do Camelo. Na verdade a Pedra do Camelo e a Pedra da Tartaruga são dois afloramentos rochosos que ficam nos extremos da mesma crista. O Camelo à oeste e a Tartaruga à leste.

A programação foi aquela pedreira de sempre: Nos encontramos em Petrópolis às 3 da madruga e partimos para Teresópolis. O grupo dessa vez era maior: Eu, Miguel Berredo, Bruno Murtinho, Luiz Schanuel. Completaram o time a Monique Cabral e o Miguel Buck que vieram do Rio.

Chegamos na entrada do Parque por volta das 4:30 e iniciamos a subida noturna. Nenhum de nós conhecia o caminho, mas a trilha segue bem óbvia pela crista. É uma caminhada um pouquinho mais puxada do que a da Pedra da Tartaruga.

Por volta das 5:00, ainda bem escuro, chegamos nas rochas do Camelo. Tentamos encontrar o caminho para a parte de cima mas não encontramos. Conseguimos apenas chegar no topo do primeiro grande bloco. O lugar era um pouco exposto e o grupo preferiu ir fotografar nas rochas da base. Eu acabei ficando ali mesmo.

Com as primeiras luzes da "hora mágica" fiz uma foto equilibrando a luz do céu com um filtro graduado de 3 pontos. Durante os 60s de exposição fiquei percorrendo a rocha do primeiro plano com o facho da lanterna de LED para tentar criar uma iluminação suave, que não parecesse uma luz de flash.


O dia foi clareando e eu percebi uma bonita bromélia dentro da fenda da rocha. Mantive o graduado de 3 pontos e continuei usando a lanterna de LED para iluminar o primeiro plano. Mas a luz já mais equilibrada facilitou as coisas.


O topo do bloco que parecia tão assustador no escuro se mostrou bem amplo. Pulei para o outro lado da fenda e fiz um registro do grupo todo usando o timer de 10s.


Achei que a seção de fotos tinha acabado. Guardei o equipamento e desci para tomar um café na base. Café quentinho, biscoitos de maizena... no topo da montanha isso tem um valor inexplicável.

Enquanto estávamos ali lanchando e jogando conversa fora, alguém reparou uma araucária brotando solitária da névoa lá pros lados do vale de Fazenda Alpina. Até relutei um pouco em tirar o equipamento da mochila e montar a lente 70-200mm. Mas era realmente a chance de fazer uma baita foto, daquelas que a gente não faz todo dia. Acabei descendo uma parte da trilha para encontrar um enquadramento melhor e fiz minha foto.


Pra completar a correria, além de madrugar para fazer essas aventuras, sempre tento voltar pra casa a tempo de acordar a Gi e a Gigi (esposa e filha) pra tomar café com elas. O Marcos fez um último registro do grupo (ele não aparece) e eu parti acelerado trilha abaixo pra pegar o carro e voltar pra casa.


Em pé à esquerda: Bruno Murtinho. Sentados no primeiro plano: Miguel Berredo e Luis Schanuel. Sentado no segundo plano: Miguel Buck. Em pé: eu e Monique.

Gosta de aventura e fotografia! Confira a próxima edição do Workshop de Fotografia de Montanha


terça-feira, 14 de abril de 2015

Um amanhecer nublado na Pedra da Tartaruga.


Teresópolis agora conta com um parque municipal muito bem estruturado. É o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis. Seu atrativo mais conhecido é a Pedra da Tartaruga. Faltava ir lá para conhecer...

Na Lua cheia de abril, pra variar, fui convocado pelo meu amigo Miguel Berredo para identificar algum bom local para assistir e fotografar o por e o nascer da lua. Pela manhã decidimos por um rápido bate-e-volta na Pedra da Lagoinha. O tempo estava bom e a Lua cheia ia se por ao lado do Pico do Tinguá. Fizemos nossas fotos e voltamos para casa.




Tínhamos planejando ir à tarde no Alto da Ventania para fotografar o nascer da lua. Num bate-papo via Facebook um amigo e ex-aluno, Bruno Cruz, mencionou subir a Pedra da Tartaruga em Teresópolis. Segundo seus cálculos, de lá seria possível ver a lua nascer por trás da formação de montanhas chamada Mulher de Pedra. Dei uma rápida conferida no The Photographers Ephemeris e confirmei. Era uma baita oportunidade, tanto de conhecer a montanha quanto de fazer uma bela foto da lua.

Mudamos os planos e fizemos um convite geral no Facebook. Tudo super corrido, mas no fim da tarde estávamos todos reunidos na entrada do Parque. Subimos pela fácil trilha e ficamos encantados com o que vimos - um parque público, gratuito e muito bem cuidado. Que grata surpresa!

O nascer da Lua cheia por trás do queixo da Mulher de Pedra foi espetacular...

(clique na imagem para ampliar)

Melhor do que a foto foi conhecer esse lugar, Uma montanha de fácil acesso, bem de frente para as montanhas dos Três Picos. Um ótimo lugar para fotografar o amanhecer. Tinha que voltar lá...

No final de semana seguinte eu avaliei no The Photographers Ephemeris que, a partir da Pedra da Tartaruga, eu poderia fotografar o sol nascendo sobre os Três Picos, mais precisamente sobre o Pico do Capacete.

(clique na imagem para ampliar)

Apesar da trilha ser fácil, o planejamento era puxado:

Nascer do sol: 6:00
Hora que eu queria chegar no cume: 5:00
Início da caminhada: 4:45
Saída de Petrópolis: 3:15
Acordar: 2:30  

Fazer o que? Fotografia de montanha não é para os preguiçosos...

Convidei alguns amigos e aceitaram o convite o Miguel Berredo e o Marcos Guimarães.

Seguimos o planejamento á risca e pouco antes das cinco da madruga estávamos com nossas lanternas na trilha da Pedra da Tartaruga. Rapidamente chegamos no cume e constatamos que o tempo estava bem fechado.

Nota: Em planejamentos anteriores eu costumava chegar por volta de meia hora antes do nascer do sol, mas de uns tempos para cá adotei chegar uma hora antes. A inspiração veio do texto abaixo, do livro "The Photographers Coach" do autor Robin Whalley:

"When in such wonderful locations it's all too easy to be overtaken by the need to take the photographs whilst the light and conditions are good. This can lead to feelings of urgency. This is not a good frame of mind from which to be shooting scenes of beauty and tranquility. A better approach would be to turn up at a location early and spend some time just enjoying the area and surveying the scene. I don't even mean surveying the scene to identify the best shooting position; I mean simply walking around to enjoy the moment whilst resisting the urge to take pictures. When you are ready to begin you will know it. You will also find a better understanding of the image you want to create and the emotion you want to convey."

No cume ficamos ali em silêncio, contemplando e tomando um café quentinho que eu tinha levado. Do ponto de vista fotográfico a saída parecia perdida, mas estar na montanha com os amigos é sempre bacana.


Mas a névoa começou a dissipar e a gente tirou o equipamento das mochilas para tentar alguma coisa. Tinha uma barraca bem fotogênica montada na borda do platô que rendeu boas fotos.


(Foto de Marcos Guimarães)

A gente via os raios de sol e sabia que ali atras estavam os Três Picos. Mas nessas horas tem que abandonar o planejamento e colher o que o dia oferece. Isso parece óbvio, mas nem sempre é fácil, principalmente se a gente chega em cima da hora. Felizmente aquele tempinho extra antes do dia clarear acabou sendo providencial para baixar a adrenalina e eliminar qualquer  expectativa. No finalzinho o vento começou a limpar a névoa e surgiram pequenas colinas que pareciam ilhas. 

(foto de Miguel Berredo)

(foto de Miguel Berredo)

Essas colinas envoltas em névoa me renderam uma foto que eu curti muito.

(clique na foto para ampliar)


Turma aberta para o Workshop de Fotografia de Montanha dos dias 16 e 17 de maio.