domingo, 26 de fevereiro de 2017

Fotografando o Cinturão de Vênus

(contemplando o Cinturão de Vênus no cume da Cabeça de Dragão, 2.050m, Três Picos)

O fenômeno conhecido como Cinturão de Vênus (belt of Venus) é bastante comum e pode ser visto quase que diariamente no amanhecer e no entardecer, normalmente na direção oposta ao sol. É um fenômeno rápido - dura uns 10 ou 15 minutos. Mas nesse curto intervalo podemos fotografar a paisagem com uma linda faixa de luz rosada próxima ao horizonte.

Nota: O aplicativo do blog costuma comprometer bastante a qualidade das fotos. Para ver as fotos em qualidade um pouco melhor basta clicar e ampliar. Ou clique aqui para conhecer meu portfólio no Flickr.

A origem do nome remonta à mitologia grega, fazendo referência ao cinto da deusa da beleza e do amor - Afrodite, que mais tarde na mitologia romana recebe o nome de Vênus.

(Afrodite e seu cinto, na tela da pintora russa Anna Razumovskaya)

Para entender o fenômeno tomemos por base o pôr do sol...

Tudo acontece durante a hora mágica. Para mais detalhes dê uma olhada no artigo sobre a Luz ao Longo do Dia.

Quando o sol está quase tocando a linha do horizonte, os tons são quentes e a cena tem um contraste extremo. É a hora mágica no seu auge...   ... mas dando as costas para o sol vemos uma cena e uma luz totalmente diferentes. Na linha do horizonte temos uma luz cinza/azulada, que é a própria sombra da terra projetada no céu. E a cima dessa luz azul temos uma faixa rosada, que é a retrodifusão da luz do sol através da atmosfera - o nosso Cinturão de Vênus. Acima do Cinturão tudo volta da ser azul, ou com sorte podemos ter ainda nuvens iluminadas pela luz do sol.

(Cinturão de Vênus visto num entardecer no Alto da Ventania, Petrópolis)

Depois do pôr do sol temos o auge do Cinturão de Vênus, que aos poucos vai se dissipando e dando a vez à blue hour e depois à noite profunda (não deixe de ler o artigo da luz ao longo do dia). De manhã o processo é o inverso, ou seja, o Cinturão de Vênus começa a ficar visível pouco antes do nascer do sol e depois se dissipa. 

(Cinturão de Vênus sobre os Castelos do Morro Açu, após o pôr do sol)

Do ponto de vista do planejamento das nossas fotos na hora mágica, é importante considerar a possibilidade de fotografar o Cinturão de Vênus. Para isso basta escolher uma locação com visão para os dois lados, o do sol e o oposto. Se o tempo permitir, o Cinturão estará lá.

Do ponto de vista da complicada fotometria das fotos de nascer e pôr do sol, o Cinturão acaba sendo uma "colher de chá", pois o menor contraste não costuma pedir HDRs ou o uso dos caros filtros graduados. É uma luz mais fácil de lidar e ainda sim uma luz muito bonita.

(Entardecer nos Portais de Hércules, Serra dos Órgãos. Os últimos raios de sol iluminam o Pico do Garrafão e o Cinturão de Vênus começa a ser formar na linha do horizonte)

Outra característica do Cinturão de Vênus é que ele acaba sendo o "pano de fundo" para as fotos de paisagem com lua cheia. Para saber mais releia o artigo sobre Como fazer uma foto de paisagem com Lua cheia.

(Pôr da Lua cheia ao lado da Maria Comprida, Petrópolis)

Enfim, como já disse em outros artigos, o conhecimento da luz e a observação são extremamente importantes na nossa evolução como fotógrafos de paisagem e montanha. Tente identificar o fenômeno, repare em que momento ele começa, quando fica mais intenso, como ele se dissipa... E comece a incluir no seu portfólio muitas fotos do belo e fugaz Cinturão de Vênus.

(Show de luzes e nuvens no amanhecer da Serra do Lopo, Mantiqueira)

Gostou do artigo? Para ir mais à fundo conheça a Oficina de Fotografia com Waldyr Neto