sexta-feira, 29 de julho de 2016

Açu e Portais de Hércules

(Marcos, Shirlei, Débora, Felipe e eu no Morro Açu)

De volta ao Açu! Convite do Marcos Guimarães. Tinha subido o Açu com ele um ano antes. Veja aqui o relato dessa e outra expedições ao Açu em 2015 que renderam ótimas fotos.

Dessa vez nos acompanharam a Débora Cabral, seu filho Felipe e a Shirlei Bastos.

Com previsão de tempo bom demos entrada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos numa quarta pela manhã.

(foto de Marcos Guimarães)

Botamos as cargueiras nas costas e pegamos a trilha. O grupo ia num bom passo, com poucas paradas.

(foto de Marcos Guimarães)

(foto de Marcos Guimarães)

Chegamos no Açu lá pela hora do almoço. Subida em cinco horas e meia... Um bom tempo. Nos acomodamos no acampamento, fizemos comida e descansamos um pouco. Com o entardecer fomos para o cume do Açu onde fica a cruz. 

(Marcos, eu, Shirlei, Débora e Felipe - foto de Marcos Guimarães)

A brincadeira da tarde foi tentar repetir a foto feita um ano antes que acabou virando a capa do meu novo livro Pé na Trilha de Bem com a Vida. A luz estava parecida, mas a lente era outra, mais angular. As fotos seguem abaixo.

(aqui a foto de 2015, com Marcos Guimarães, Louis Perry e eu)

(e a foto de 2016, com Marcos, Shirlei, Débora, Felipe e eu)

Depois ficamos curtindo o finalzinho do entardecer e a chegada do frio.


Voltamos para o acampamento. Sopinhas, chazinhos, todo mundo reforçando os casacos... logo ficou uma linda noite estrelada. Arrumei a tralha e voltei pro batente. Com uma lente super-angular eu consegui uns bons registros.


Tentamos dormir cedo para madrugar na quinta. A trip seria caminhar até os Portais de Hércules antes do amanhecer. A noite foi tranquila - frio bem suportável.

Acordamos pontualmente às 4:00. Arrumamos nossas coisas e pegamos a trilha às 4:20. Um grupo muito grande também iria para os Portais e a gente queria abrir uma frente e evitar congestionamento no caminho.

Chegamos nos Portais com o primeiro filete de luz no horizonte. Começava a hora mágica e a gente estava lá... Portais de Hércules, o mais belo mirante da Serra dos Órgãos. Shirlei, Débora e Felipe estavam lá pela primeira vez. O show ia começar...


Tinha feito um estudo prévio no The Photographer's Ephemeris e vi que o sol nasceria bem no limite de ficar escondido na parede esquerda dos Castelões. Isso me daria uma pequena janela de tempo para fotografar o amanhecer sem ter o sol estourando direto na lente. Abaixo o estudo.

(A linha do nascer do só é a amarela. clique no estudo para ampliar)

Na hora certa consegui meu clique. Daquelas fotos que valem todo o planejamento e esforço.


Nota em 12/04/2016

Essa foto ficou em 3º lugar na categoria full-frame do Concurso da Canon College, tema Natureza Exuberante, com 4.446 inscritos e tendo o Araquém de Alcântara e Jonne Roriz como jurados.

O vento encanado dos Portais de Hércules gelava até a alma. O nascer do sol acabou sendo um alívio. Arrumamos nossas coisas e nos prepararmos para retornar ao Açu. Fiz um último registro do grupo e partimos morro acima.


O retorno ao Açu foi tranquilo. Turma bem humorada e boa de trilha. Depois de um bom café da manhã o grupo começou a se arrumar para partir. Eu ainda queria ficar mais um dia para tentar uma investida no Pico do Eco. Se desse certo, madrugaria na sexta-feira para fotografar o amanhecer de lá.

Me despedi de todos, montei uma mochila bem leve e parti para uma caminhada solitária até o Pico do Eco. Logo no início vi que não seria moleza, pois mesmo o caminho até o Falso Eco estava bem fechado. Era um tal de varar capim de anta que tornava tudo cansativo. No Falso Eco peguei a descida das lages e a coisa acabou sendo mais tranquila. Logo já estava vendo o riacho e o Pico do Eco mais abaixo.


Caminhei mais um pouco e fiz uma última travessia no capim de anta até o riacho. Abasteci o cantil e me preparei para o trecho final. Consegui identificar o início da trilha e comecei a descida para o vale do Eco. Mas a trilha logo sumiu e eu voltei a varar capim de anta. Tentava identificar a trilha de subida do Eco e não via nada. Parei pra avaliar... estava sozinho, ali naquele fim de mundo... seria até fácil continuar varando capim de anta morro-abaixo. Mas vencer capim de anta morro-acima na volta seria insano. Era mais sensato voltar...

Tão perto e tão longe... fiquei ali observando o Pico do Eco desanimado.


Iniciei o penoso retorno até o Falso Eco. Mais capim de anta, e o bonito e desolado trecho das lajes. Nesses campos de altitude ao sul do Morro Açu a sensação de estar sozinho é surreal. Pra amenizar botei um Jimi Hendrix no headphone e subi curtindo o som e o visual. 

No Falso Eco inventei umas fotos. Acho que vale voltar lá com uma luz mais bonita.


Depois retornei ao Açu, subindo lage, varando mato...

Cheguei no Açu, fiz meu almoço e tirei uma boa soneca na barraca. Portais de Hércules e investida no Pico Eco me deixaram bem cansado...

À tardinha subi para o cume do Açu. Queria fazer umas fotos mas uma queimada no Bonfim estava enfeiando a cena. Dei uma caminhada procurando alguma coisa para preencher o primeiro plano e esconder a fumaça. Consegui uma bela composição. É curioso com uma adversidade pode aguçar nossa criatividade. Fechei meu Açu com chave de ouro.


Na sexta feira nem me preocupei em ver o nascer do sol. Quando clareou eu desmontei acampamento e iniciei a descida. O Pico do Eco vai ficar para outra oportunidade.

No final cervejinha gelada, almoço no Tourinho's Bar... tudo de bom! Essas excursões deixam a gente com a alma lavada...


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Um comentário:

  1. Relato muito bacana. Estive no Pico do Eco recentemente, dia 10 pra ser exato. A trilha depois de atravessar o riacho está bem marcada. Vale a pena ir até lá pra fazer umas fotos.

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