Por Waldyr Neto -
Foto de George Strozberg
Nesse final de 2018 realizei um sonho antigo - conhecer o Jalapão. E pra ficar mais legal fui numa expedição com meus alunos, organizada em conjunto com a Escapadas Online, nosso parceiro para expedições fotográficas e fotowalks em cidades históricas.
O Jalapão é uma região de cerrado, bem no meião do Brasil. Tem uma combinação improvável de deserto e abundancia de águas, uma imensidão salpicada de rios, fervedouros (nascentes borbulhantes), canions, dunas e montanhas em formato de mesa. Uma paisagem que me lembrou um pouco a Gran Sabana venezuelana, onde fica o Monte Roraima e se seus Tepuis vizinhos - um grande platô formado pela erosão das montanhas de arenito.
Mapa do Jalapão - clique para ampliar
O roteiro da nossa expedição fotográfica começou em Palmas, a bonita e moderna capital do Tocantins. De lá rumamos para leste em um Toyota 4x4 por longas estradas de terra e areia. Das margens do Rio Tocantins até quase a fronteira com a Bahia, a paisagem foi mudando de um cerrado mais verdinho para a paisagem mais desértica do Jalapão. Depois retornamos mais pelo norte, conhecendo regiões e atrativos diferentes.
É nesse roteiro que eu te convido para viajar comigo agora...
Eu de chapelão de palha e tomando um geladíssimo chopp Stella Artois no Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro
Nosso grupo partiu de vários lugares e se encontrou no Hotel Araguaia em Palmas. Era uma segunda feira e o tempo estava chuvoso. Turma reunida, saímos para jantar um tucuraré e voltamos para descansar no Hotel.
Na terça feira madrugamos, arrumamos nossas tralhas, tomamos um ótimo café da manhã no hotel e fomos encontrar o Marcelo, nosso guia local. Botamos tudo num confortável Toyota Hilux SW e pegamos a estrada...
...sentindo aquela sensação deliciosa de começar um passeio por um lugar desconhecido...
Na estrada...
Depois de dias seguidos de muita chuva, nosso passeio começava com sol. Após um trecho relativamente curto de estrada paramos em Taquaruçu para conhecer as cachoeiras da Roncadeira e Escorrega Macaco.
Nosso grupo foi o primeiro a chegar e nós pudemos percorrer a trilha na mata sozinhos e fotografar a cachoeiras vazias.
Cachoeira da Roncadeira
A Cachoeira da Roncadeira foi uma grata surpresa. Um lugar realmente bonito. Fizemos nossos cliques e fomos para a Escorrega Macaco, uma cachoeira menor mas também interessante. Um encontro com uma cobra Caninana de tamanho considerável deu um toque de adrenalina ao passeio.
Cachoeira Escorrega Macaco
No retorno mais alguns cliques pela mata antes de retomar a viagem.
Sapinho
A mata
Voltamos para a estrada, agora de terra. Cerrado a perder de vista... Por volta da hora do almoço chegamos em Ponte Alta e deixamos nossas coisas na pousada. Almoçamos, descansamos um pouco e partimos para conhecer o Canion Sussuapara, um estreito canion com acesso por escadas.
A chegada no Canion Sussuapara
Fizemos nossas fotos e curtimos bastante o lugar.
Canion Sussuapara
Marcelo, Luiz, Flaviane, Tania, George e eu
Canion Sussuapara
Canion Sussuapara
Pegamos a estrada de volta e fomos em Ponte Alta tomar um sorvete. Os sabores lá são bem pitorescos - Mangaba, Buriti, etc. Depois fomos mais ao sul conhecer a Pedra Furada.
Pedra Furada com a chuva chegando...
Mal chegamos e começou a chuviscar. Fomos até a pedra e tiramos algumas fotos. O lugar é bem bonito - um afloramento de arenito isolado na paisagem com vários arcos de pedra. O tempo abria, fechava, abria de novo... Ficamos lá enquanto deu até que a chuva chegou para valer e a gente correu para os carros. Voltamos para a pousada para uma boa janta e uma noite de descanso...
Choveu forte a noite toda e a quarta feira amanheceu com chuva... Tomamos um gostoso café na pousada e pegamos a estrada - pela frente quilômetros e quilômetros de estrada de terra. Por conta da chuva não pudemos visitar a Cachoeira Velha. Seguimos sempre para leste e a estrada ia ficando cada vez mais arenosa... cada vez mais Jalapão...
E a chuva não dava trégua...
Em meio a chuva e a névoa conseguimos vislumbrar a beleza do Dedo de Deus do Jalapão, um pico de arenito isolado na paisagem ao sul.
Dedo de Deus do Jalapão
Perto da hora do almoço chegamos no povoado quilombola de Rio Novo. Em condições normais a gente ia tomar um banho de rio, mas com as chuvas o rio estava barrento e com muita correnteza. Fizemos algumas fotos e fomos almoçar...
Em Rio Novo almoçamos uma gostosa comida caseira, descansamos um pouco e pegamos a estrada de novo...
Depois de tanta chuva o destino nos reservou uma surpresa... chegamos no Jalapão e o tempo começou a abrir...
A estrada e o Morro Saca Trapo
Tínhamos uma improvável brecha de tempo para conhecer as Dunas do Jalapão e a gente ia aproveitar...
Demos entrada no Parque Estadual do Jalapão e percorremos o trecho mais arenoso de estrada até as dunas. Pra variar, estávamos sozinhos naquela imensidão... Bora clicar!
Trilha para as Dunas do Jalapão
Quase lá... foto da Flaviane
Chegando nas Dunas do Jalapão
Dunas do Jalapão
Dunas do Jalapão
Dunas do Jalapão, deserto e água
Dunas do Jalapão
Nas Dunas do Jalapão
Na última foto já dava para ver a chuva chegando ao longe... nosso tempo estava acabando. Foram ótimos momentos, mas a gente não ia ver o pôr do sol de lá.
As chuvas chegando nas Dunas do Jalapão
Fugindo da chuva...
No trecho final contornamos o Morro Saca Trapo, margeamos a Serra do Espírito Santo e chegamos em Mateiros, já anoitecendo e debaixo de chuva.
Clique no mapa para ampliar
Em Mateiros fomos direto para a pousada e depois saímos para jantar. Nossa programação da madrugada era subir a Serra do Espírito Santo, mas o tempo chuvoso tornou inviável a investida. Deixamos para acordar tarde na quinta feira.
Passaríamos duas noites em Mateiros, e a quinta feira seria um dia mais tranquilo, para curtir fervedouros e cachoeiras.
A quinta amanheceu com tempo nublado, mas sem chuva. Após o café partimos para conhecer nosso primeiro fervedouro, o belo Fervedouro das Bananeiras.
Fervedouro das Bananeiras
Fervedouros são nascentes cuja água vem de rios subterrâneos. A água sobe por alguma fenda entre as rochas e brota na areia, dando o aspecto de água fervendo - daí o nome "fervedouro". Via de regra a água tem uma temperatura bem agradável, um pouco mais quente do que a água corrente de um rio.
Logo que chegamos no Fervedouro das Bananeiras começou a chover. Fizemos algumas fotos mas ninguém se animou para entrar.
Eu sendo fotografado pela Flaviane - foto da Tânia
Em seguida fomos conhecer o Fervedouro do Rio do Sono, e nesse a turma não resistiu e entrou na água.
Fervedouro do Rio do Sono
E a gente seguia encontrando todas as atrações vazias, o que foi perfeito para fotografar. Dali mesmo nós almoçamos uma deliciosa comida caseira e finalmente provamos a pinga "Jalapa"...
Depois do almoço fomos visitar a comunidade quilombola de Mumbuca, onde se faz o tradicional artesanato com o capim dourado do Jalapão.
Produção de artesanato com o capim dourado
Artesanato com o capim dourado
Morador da comunidade quilombola de Cumbuca
Um sorvetinho de buriti para refrescar e partimos em seguida para conhecer a Cachoeira da Formiga, que acabou sendo o atrativo mais gostoso do dia.
Flaviane fotografando a Cachoeira da Formiga
Eu, George e Luiz relaxando as águas da Cachoeira da Formiga
Nem precisa dizer... mais uma vez conseguimos fotografar esse lugar mágico sem ninguém...
Todo mundo feliz e cansado, mas ainda dava tempo de esticar até o Fervedouro do Buriti. Nesse já era um pouco tarde e não entramos, mas teve foto.
Fervedouro do Buriti
No caminho da Pousada fizemos algumas fotos quase ao entardecer...
Caminho do Fervedouro do Buriti
Pôr do Sol mesmo estava encantado... quando ia chegando a hora sempre chovia...
Depois pousada, banho, janta e descanso... a sexta feira ia ser puxada...
Na sexta acordamos cedo, tomamos um café reforçado na pousada e partimos para a estrada. O tempo já estava mais aberto e fazia calor. Tocamos direto até São Felix e fomos até o Fervedouro Bela Vista, o maior do Jalapão.
Fervedouro Bela Vista
De lá fomos para a Cachoeira das Araras, um lugar bonito que rendeu boas fotos...
Cachoeira das Araras
Almoçamos por ali mesmo, numa fazendinha que servia uma comida caseira deliciosa, a melhor da viagem.
Mas sexta era dia de estrada e a gente logo partiu no nosso valente Toyota 4x4. Mais um tempo rodando e chegamos na Serra da Catedral, uma linda formação de arenito que lembrava uma igreja.
Serra da Catedral
Última foto do grupo completo - Tania, Luiz, Marcelo (guia), Flaviane, George e eu.
Formações da Serra do Gorgulho
Formações da Serra do Gorgulho
Formações da Serra do Gorgulho
De lá seguimos por terra até Novo Acordo e depois pegamos o asfalto até Palmas. Chegamos novamente no Hotel Araguaia BEM cansados ao final do dia mais puxado da nossa Expedição Fotográfica ao Jalapão. Nos despedimos do nosso guia Marcelo e daí em diante cada um teve o seu itinerário de retorno pra casa.
Fazendo um balanço acho que fomos extremamente felizes nessa expedição fora de temporada no Jalapão. Tivemos tempo mais fresco, cachoeiras cheias de água e vazias de gente, céu nervosão com muitas nuvens e quilômetros e quilômetros de estrada de terra sem poeira. Soubemos que durante a temporada - período mais seco - todos os atrativos ficam muito cheios. Pode funcionar para turismo convencional, mas não funciona para uma expedição fotográfica.
Eu clicado pelo George
Considerando tudo isso eu e a Escapadas Online já deixamos reservado para voltar lá em 2019, de 16 a 22 de setembro, período da colheita do capim dourado.
Se você curtiu e quer participar de uma Expedição Fotográfica, o nosso próximo destino é o Trekking Salkantay no Peru, um programa IMPERDÍVEL para o Carnaval 2019.
E se você quer melhorar seu conhecimento fotográfico antes de fazer esses passeios eu te recomendo fazer a minha Oficina de Fotografia em janeiro. Com esse curso o aproveitamento nas Expedições Fotográficas é bem maior.
Fecho aqui desejando um grande 2019 para todos e torcendo para um dia poder sair para fotografar com todos vocês que prestigiam o meu blog e o meu trabalho.
Muito obrigado!!
Excelente relato, Waldyr! Fiel nos mínimos detalhes. Agradeço a oportunidade e a companhia e, com certeza, estaremos juntos nos próximos safáris.
ResponderExcluirObrigado George! Pelo comentário e pela ótima companhia nessa nossa trip ao Jalapão.
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